Voz Humana - A Defesa perante os Tribunais da República

Editora: Revan

Autor: Fernando Augusto Fernandes

ISBN: 9788571063001

R$138,00
ADICIONAR AO CARRINHO

Disponibilidade: Pronta Entrega

Nº de Páginas: 336

Encadernação: Capa Dura

Ano: 2004

Título: Voz Humana - A Defesa perante os Tribunais da República

Editora:Revan

Autor: Fernando Augusto Fernandes

ISBN: 9788571063001

Disponibilidade: Pronta Entrega

Nº de Páginas: 336

Encadernação: Capa Dura

Ano: 2004

Resenha:
O objetivo deste livro é contar a história de resistência dos advogados perante os tribunais da República. A própria pesquisa foi alvo de repressão e censura, que acabou levando o autor à tribuna do Superior Tribunal Militar, palco da resistência judiciária contra a ditadura pós-64. Muito se perdeu com a apreensão do material de pesquisa, relatado à frente, por ordem do general Antônio J. Soares Moreira, presidente, à época, do Superior Tribunal Militar, e a proibição de acesso, por este pesquisador, ao arquivo em que se encontram todos os processos que tramitaram no Tribunal de Segurança Nacional (Estado Novo) e perante a Justiça Militar (ditadura pós-64).
Este trabalho traz, de maneira cronológica, a atuação dos advogados contra o "desenvolvimento" das leis de repressão e controle social, que deram campo fértil às leis de segurança. A obra não tem a pretensão de cobrir toda atuação de uma classe de lutadores pelas garantias individuais frente à opressão, mas contar, sim, um pouco desta história.
A história dos advogados criminalistas em defesa de presos políticos - que vai de Rui Barbosa e a resistência à ditadura florianista até a atuação de Heleno Fragoso, Evaristo de Moraes Filho, Nilo Batista, Lino Machado, entre outros -, é a oportunidade para relatar a seqüência de leis penais em repressão às classes dominadas e a criminalização de qualquer atitude que vá de encontro aos interesses da classe dominante, em cada época.
Acentua ainda a ideologia higienista contra o pobre, o negro, o estrangeiro e as atitudes de "mendigos e ébrios", "vadios e capoeiras" e "prostitutas e cáftens", que serão criminalizados pelo Código Penal de 1890 e suas alterações, a fim de limpar a cidade do que era considerado "fezes sociais" e suas atitudes "viciosas" e propagadoras de "doenças". Conta, ainda, a lição de ética dada por Rui Barbosa a Evaristo de Moraes, na correspondência intitulada "O dever do advogado", e a atuação de Evaristo na Revolta da Chibata. Destaca a defesa de Evaristo de Moraes aos anarquistas, relatando a "transição" do higienismo ao positivismo, que vão somar-se a um novo enquadramento às "classes perigosas", ultrapassando a ideia de que o pobre é transmissor de vírus e doenças, para considerá-los elementos viróticos e portadores de anomalias, que o transformam em criminosos natos. Ao mesmo tempo relata historicamente o Levante de Copacabana, a Coluna Prestes e a Revolução de 1930, eventos históricos que serão de importância crucial para o entendimento de fases posteriores.
O livro aborda as influências nazi-fascistas sobre a repressão do Estado Novo, a criação do Tribunal de Segurança Nacional, a Constituição de 1937, o levante de Prestes em novembro de 1935, que é um marco no raciocínio militar, em relação ao inimigo interno, ao medo da indisciplina. Nesta fase, Sobral Pinto e Evandro Lins e Silva são advogados que representam a resistência contra a ditadura getulista do Estado Novo. E ainda conta a resistência dos advogados na ditadura pós-64, com a formação da doutrina de Segurança Nacional que, apesar de novo contorno decorrente da influência norte-americana, certamente não abandonou as raízes históricas desde o início da República - higienista, positivista e perseguidora das classes dominadas.

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